A vasectomia é a interrupção dos ductos deferentes realizada por meio cirúrgico e que visa a esterilização definitiva do homem (figura 01).
Está indicada como opção de planejamento familiar quando a família já se encontra constituída e não existe o mínimo desejo de ter mais filhos. Logo implica em uma decisão que deve ser ponderada e amadurecida ao longo dos anos. Deve ser levado em consideração a idade e o número de filhos. Não existe uma regra única. Os diversos centros de planejamento familiar existente no Brasil possuem critérios individuais que não são e nem podem ser uniformes. Alguns consideram como ideal o número de filhos a partir de dois (02) e a idade acima dos 25 anos. Outros acham que a idade em que o homem encontra-se mais maduro e, portanto, em condições de tomar uma decisão definitiva seria a partir dos 30 anos. No nosso ponto de vista, tão importante quanto idade e o número de filhos, é a decisão demonstrada em 02 (duas) ou mais consultas e o tempo transcorrido entre a primeira consulta e o dia da cirurgia (deve ser superior a dois meses). Durante este período o médico urologista deve avaliar se a decisão está embasada em desejos reais ou circunstanciais movidos por motivos apenas transitórios. A estabilidade da relação é um ponto a se considerar. O planejamento familiar deve ser realizado pelo casal e começa com a consulta em que a parceira participa tirando suas dúvidas e dando sua opinião. Ambos deve assinar o “consentimento informado” padrão autorizando a esterilização. Quando ocorre separação e uma nova relação se estabelece com uma parceira sem filhos, geralmente a nova esposa irá querer ter seus próprios filhos e pressionará por uma reversão ou pelo uso das modernas técnicas artificiais mais que custam uma importante soma em dinheiro e que, às vezes, o novo casal não dispõe. Portanto a vasectomia deve ser realizada pela técnica tradicional (corte e secção no terço médio do ducto deferente). Esta técnica visa facilitar uma reversão cirúrgica futura, pois o segmento do tubo que fica mais próximo do testículo é espiralado e, embora não impossível, implica em maiores dificuldades técnicas e o uso obrigatório do microscópico. O esperma é formado pelos espermatozóides produzidos pelos testículos e pelas secreções provenientes das vesículas seminais e da próstata (figura 02).
Durante a ejaculação, todo o conteúdo acumulado nas vesículas seminais, são eliminados em forma de jatos produzidos pela alta pressão decorrente da contração dos diversos músculos que compõe a anatomia desta região. Todo este processo se manterá após a vasectomia. A única coisa que mudará será a composição do esperma que passará a não ter mais a presença dos espermatozóides produzidos pelos testículos. Estes passarão a ficar acumulados nos epidídimos e serão reabsorvidos como se a pessoa estivesse em abstinência sexual prolongada. Logo após a vasectomia, deve-se continuar com os métodos contraceptivos até a realização do exame do esperma. Os segmentos dos ductos deferentes localizados acima dos locais aonde foram fechados permanecem cheios de espermatozóides durante um período variável de tempo. Não é incomum a eliminação de alguns espermatozóides vivos durante muitas ejaculações. Em alguns casos, serão necessários até 30 ejaculações para a realização do exame do esperma. Como regra geral, optamos pela realização do primeiro exame após 20 ejaculações. Na sua absoluta maioria o esperma não conterá mais espermatozóides nem vivos nem mortos. As exceções existem e podem requerer maiores números de ejaculações antes da realização da avaliação laboratorial. A recanalização espontânea precoce ou tardia pode acontecer em menos de 1% das vezes. Geralmente ela é decorrente de técnica inadequada. Portanto é prudente a realização do espermograma de controle até um ano após a vasectomia. Alguns preconizam uma revisão anual com realização de exames do esperma durante os 03 primeiros anos após a intervenção cirúrgica. Achamos um exagero desnecessário. O importante é entender que a vasectomia é um método seguro em 99,99 % (quase más não 100 %).
VEJA FOTOS – Operação realizada pelo Dr. Eduardo Lopes
Nota: Este texto tem a finalidade apenas de informar e, como quase tudo em Medicina, não é unânime no seu conteúdo, refletindo apenas a opinião pessoal do médico que o assina. Embora embasado em informações atuais mais nem por isso definitivas, não deve ser entendido como a única verdade e em caso de dúvidas sugerimos consultar pessoalmente seu Urologista.
Dr. Eduardo Lopes
Médico Urologista
CRM 8152
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia