Eduardo José Andrade Lopes

Mestre em Urologia pela Universidade de São Paulo – USP. Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia. Fellow em Urologia pela University of Minnesota – MN/USA. Chefe do Departamento de Andrologia do Serviço de Urologia do Hospital Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia – Brasil. 

Tarsila Santos 
Doutoranda da Universidade Federal da Bahia – UFBA. 

Modesto Jacobino 
Chefe do Serviço de Urologia da Universidade Federal da Bahia – UFBA – Brasil.

Endereço para correspondência: Eduardo J.A. Lopes – Rua Altino Seberto de Barros, 241 – Edifício Memorial Itaigara, salas 405/406 –
Salvador – BA – CEP 41850-010 – Telefax: ++(55)(71) 3351-7424 –
E-mail: ejalopes@terra.com.br / www.eduardolopes.net.br

Departamento de Urologia da Universidade Federal da Bahia – UFBA -Salvador – BA – Brasil

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Numeração de páginas na revista impressa: 51 à 52

RESUMO

O leiomioma é tumor vesical pouco usual, três vezes mais freqüente em mulheres, apresentando-se clinicamente com sintomas obstrutivos ou irritativos e, eventualmente, hematúria. Mulher de 39 anos apresentou retenção urinária aguda e foi admitida em nosso serviço para realizar exames complementares. Citoscopia e ultra-sonografia (USG) mostraram tumor pediculado, medindo 10 x 4 cm, localizado na parede vesical anterior. Biópsia revelou leiomioma de bexiga. Ressecção aberta foi realizada e paciente cursa assintomática, realizando acompanhamento médico anual há dois anos.

Leiomioma da bexiga pode ser endovesical (63%), extravesical (30%) ou intramural (7%). Esse tumor cresce lentamente e nenhum caso de malignidade foi descrito até o momento. Embora incomum, o leiomioma da bexiga deve ser incluído no diagnóstico diferencial de todos os tumores vesicais. Realizamos uma USG transvaginal e uma citoscopia com biópsia, confirmando o diagnóstico de leiomioma pela análise patológica. A exploração cirúrgica revelou massa bem delimitada na parede anterior da bexiga.

Introdução

O leiomioma de bexiga é responsável por 0,4% dos tumores de bexiga(1). Constituem o tumor mesenquimal mais freqüente nesse sítio, perfazendo cerca de 35% dos casos. É três vezes mais freqüente no sexo feminino. Clinicamente se apresenta com sintomas obstrutivos, irritativos e, eventualmente, hematúria(1,3). Os autores relatam um caso de retenção urinária aguda em adulto jovem e do sexo feminino causada por um leiomioma de bexiga.

Figura 1

Relato do caso

R.L.T., 39 anos, natural e procedente de Ilhéus-BA foi atendida na emergência do Hospital Geral com quadro de retenção urinária aguda. Realizada sondagem vesical com sonda de foley 16 fr e retirado 900 ml de urina. A paciente relatou episódios ocasionais de disúria, polaciúria e estrangúria nos últimos três anos. Durante estes episódios somente conseguia urinar em recipiente e deitada lateralmente. Atribuía esta dificuldade ocasional à eliminação de pequenos cálculos urinários. Encaminhada sondada ao nosso serviço, foi submetida a um exame de ultra-sonografia que constatou a presença de tumoração pediculada, medindo 10,0 cm x 4,0 cm, localizada em parede vesical anterior. Foi submetida a cistoscopia sob sedação endovenosa e biópsia da tumoração. O exame anatomopatológico do material retirado mostrou tratar-se de leiomioma de bexiga (Figura 1). Realizada ressecção aberta da tumoração juntamente com fragmento da bexiga (Figura 2). Optou-se pela cirurgia aberta em decorrência da localização e tamanho do tumor. A inserção na parede anterior próximo ao colo vesical era responsável pelos sintomas miccionais e o quadro de retenção urinária aguda. A doença litiásica coexistente e a falta de assistência médica prolongaram o início do tratamento adequado. No seguimento de dois anos a paciente se encontra assintomática e com exames normais.

Figura 2

Discussão

O diagnóstico diferencial dos tumores da bexiga inclui os miomas, os fibromas, angiomas, mixomas e osteomas. Os leiomiomas representam 35% de todos estes tumores(1). Os leiomiomas de bexiga podem ser endovesicais, intramurais e extramurais, sendo a forma endovesical a mais comum e sintomática (63%), seguida da extravesical (30%) e intramural (7%)(1,3). Caracteristicamente o crescimento do leiomioma de bexiga é lento. Não há relato na literatura de transformação maligna(3). Os sintomas mais freqüentes são os obstrutivos (50%) e irritativos (38%). O tratamento depende da localização e tamanho do tumor(4) e inclui a ressecção transuretral e, eventualmente, a cirurgia aberta.

Conclusão

O leiomioma de bexiga, apesar de raro, deve sempre ser lembrado no diagnóstico diferencial das tumorações vesicais, mesmo num quadro de retenção urinária aguda em paciente do sexo feminino e adulto jovem. O diagnóstico prévio é fundamental para se estabelecer o tratamento adequado. O ultra-som endovaginal e a ressonância(4) são recursos que ajudam a definir a localização e o caráter não infiltrativo do tumor, apesar do tamanho – detalhe importante na conduta terapêutica a ser adotada. A cirurgia aberta é uma abordagem de exceção, adotada nesse caso devido ao tamanho e localização do tumor.

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Bibliografia
1. Cornella J, Larson T, Lee R, et al: Leiomyoma of the Female Urethra and Bladder: Report of Twenty-three Patients and Review of the Literature. Am J Obstetric Gynecology, 176 (6): 1278-1285, 1997.
2. Kirsch E, Sudakoff G, Steinberg G, et al: Leiomyoma of the Bladder Causing Ureteral and Bladder Outlet Obstruction. J Urol, 157 (5): 1843, 1997.
3. Goluboff E, O’Toole K, Sawczuk I: Leiomyoma of Bladder: Report of Case and Review of Literature. Urology, 43 (2): 238-241, 1994.
4. Soloway MS, Simon MA, Milikowski C, Soloway MS: Epithelioid leiomyoma of the bladder: na unusual cause of voiding symptoms. Urology, 51; 1037-1039, 1998.

 

 

 

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